sábado, 13 de agosto de 2011

Solidariedade na mesa?


     O homem vem tratando os animais como meras máquinas, onde eles os alimentam e tiram deles tudo que podem produzir, e depois de passar a vida “trabalhando” para esse outro animal “racional” seu corpo possa servir de alimento. Será que pelo fato deles não falarem: - Estou com dor! Não quero mais fazer isso! Estou cansado! Seja realmente que eles gostem dessa vida? Ok, esse pensamento está relacionado com a parte sentimental do caso... Então ta, vamos racionalizar.
     Primeiramente podemos falar dos impactos ambientais do ato de comer carne de animais. Afeta recurso hídricos, camada de ozônio, distribuição de renda e gera a fome.  A pecuária foi a principal responsável pelo desmatamento da Mata Atlântica, da Caatinga, do Cerrado, e está sendo da Amazônia. Como mais de 60% da população que está nessa área de criação é de animais voltados para esse fim, os recursos hídricos (lençóis freáticos e aqüíferos subterrâneos) ficam contaminados pelos medicamentos e hormônios usados nesses animais, sem falar nas fezes desses animais que são muito mais que a dos humanos, as bactérias e vírus desses estrumes na água do consumo humano. Produzir 1 Kg de carne de boi equivale ao uso de 15.000 litros de água, segundo a UNESCO. Enquanto para produzir 1 Kg de cereal precisa de 1.300 litros de água. Sem falar na água que esses animais precisam para ingerir diariamente. Tem países que não tem suporte mais para produzir essa carne, pelo déficit de água. E o Brasil, para variar, produz e ainda se sustenta dessa exportação, pelo fato dos custos ambientais não serem internalizados no consumo dessa carne. “A Amazônia está sendo comida, dia após dia”.
      As queimadas e desmatamentos para poder ter a pecuária nesses locais respondem hoje por duzentos milhões de toneladas anuais de liberação de dióxido de carbono. No processo de digestão dos bois, a flatulência e arroto desses animais geram a emissão de metano para atmosfera, gás esse que tem vinte vezes mais poder nocivo do que o dióxido de carbono.
     Setenta por cento do abastecimento alimentar no Brasil vem da agricultura familiar, porque o Brasil simplesmente foca sua agropecuária para a exportação, e muitos dos cereais que produz é para a alimentação desses animais. O certo seria alimentar primeiramente a população brasileira. E essa exportação não é convincente, pois um país desenvolvido que se preste não ia ficar exportando produtos primários, mas o Brasil vive disso e ainda com preços controlados pelos compradores. Será que podemos julgar esse nosso país como um lugar em desenvolvimento? Que insustentabilidade!
    Quem se alimenta dessa carne é só em média 20% da humanidade, e essas pessoas tem condição financeira para comer outra coisa. Enquanto isso, 1/3 da população mundial passa fome e toneladas de cereais produzidos vão para a manutenção desse gado. Se a área brasileira destinada a essa pratica fosse revertida para a agricultura aumentaria vinte vezes mais emprego e diminuiria o impacto ambiental.
  
     Aves:
    Os pintinhos da galinha já nascem em uma chocadeira artificial, com um ar cheio de formol (para que eles fiquem “amarelinhos”). Não conhecem suas mães nem tão pouco têm o direito de receber o carinho delas. São manuseados e tratados como coisas, os que não estão perfeitos (nascem sem bico, com mais patas, ou deformados...) vão ser triturados e servir para alimentos derivados (chicken nuggets, por exemplo). Ao crescerem, as galinhas, funcionam como máquinas, comendo de um lado e pondo ovos do outro. Há também a ocorrência de desespero tão grande, que elas acabam fazendo o canibalismo, sendo assim ao crescerem já são cortadas deles seus bicos. Fora a perda do direito delas de escolherem seus próprios alimentos, e os comerem da forma e na hora que quiserem. Para não adoecerem (pelo estresse) são colocados nas rações delas antibióticos, e quanto mais antibióticos elas tomam mais vão criando resistência a eles e precisando de cada vez mais, ficando assim muito mudadas. Além do hormônio em excesso que elas tomam para estimular a ovulação. Isso tudo vai para o corpo humano, por conseqüência.
    Bovinos:
    Um mamífero como nós.  A vaca como a mulher só produz leite porque gerou um filhotinho, e para que se possa consumir esse leite ela tem que ficar constantemente grávida e seus bezerros são mantidos longe dela para não mamar e gastar esse leite. Elas são estimuladas para produzir dez vezes mais leite do que o normal, e isso as fazem ter dores e inflamações nas tetas. Os bezerros machos por não terem valor comercial por não procriar nem por leite, são então comprados para produzir a carne de vitela, o famoso Baby-beef. Ficam então em lugares escuros, amarrados em correntes para não se movimentarem e criarem músculos. Essa carne é branca, pelo fato deles ficarem anêmicos. Suas mães (depois de trabalharem a vida toda) e pais vão para o abate, tomam choques para ficarem quietos, depois recebem na cabeça uma pistola pneumática que dá um abalo no cérebro, que serve para insensibilizar e depois de um minuto no máximo eles têm que serem sangrados para que a circulação não pare e eles acabem morrendo e enrijecendo a carne. Momentos antes do abate ao ver seus similares morrendo eles entram num processo de midríase, ou seja, ficam com a pupila dilatada e descarregam na circulação uma serie de substâncias tóxicas para o corpo humano no processo de medo e stress. Provavelmente estão com taquicardia, pressão alta e vasoconstricção periférica. As partes mais macias e apreciadas do corpo deles vão ser cortadas, e os órgãos menos visados são muídos e viram a “carne moída” e o hambúrguer.
     Suínos:
    São animais sensíveis, inteligentes, brincalhões, afetivos, curiosos, sendo uma ótima companhia. E por serem criados em cativeiro não conseguem manifestar suas características, pois as etapas da sua vida são manipuladas e a maioria das vezes se tornam animais estressados e deprimidos. As porcas mães ficam presas em celas e separadas de seus filhos, os vendo apenas na hora de amamentá – los. Os leitõezinhos são castrados logo cedo pra que possam engordar mais. E depois todos vão para o abate passando por processos parecidos com o dos bois.
     Esse costume de comer carnes era do tempo do homem das cavernas onde eles sobreviviam instintivamente comendo tudo aquilo que estava na frente deles e que eles achavam ser comestível. Depois de tantos séculos de evolução o homem continua se nutrindo da mesma forma, só que agora industrializando, comendo embutidos e enlatados. Agora também a crueldade é mais fútil e sofisticada, além de frango, boi, porco, peixes, tem o carneiro, o avestruz, o búfalo e tantos outros. Não precisamos comer nenhuma dessas carnes para ter saúde. Também se foi detectado que não há histórico de animais herbívoros e frutívoros com índice de câncer. Dá mesma forma que a nossa carne quando morremos participa de um processo de decomposição, a carne desses animais também... Imagine então que essa carne pode putefrar dentro do nosso corpo. Essa nutrição convencional está muito enganada. A carne não nutre, ela é indigesta, pois fica muito tempo no estômago e no intestino. Aí muitos nutricionistas tradicionais dizem que a proteína animal é ótima para a demora do esvaziamento gástrico, pois ajuda a pessoa a sentir menos fome e diminui a absorção de carboidrato.  Lógico, se o corpo está tendo que digerir um pedaço de tecido animal, cheio de células e mega proteínas, como é que ele ia fazer isso rápido? Uns cientistas Norte Americanos publicaram essa semana que o leite bovino ajuda na diminuição da TPM, por causa do cálcio nele presente, e incentivaram as mulheres que estão nessa fase a comerem mais leite de vaca... Acho que eles não conhecem o oceano, nem tão pouco o cálcio das algas marinhas. Algumas pessoas questionam que a fruta e a verdura têm agrotóxicas, mas a gordura saturada da carne consegue absorver muito mais essas toxinas. E muitas pessoas perguntam como que sem carne, vão obter proteínas? Os bois, por exemplo, não comem carne e têm proteína, e muita. O ser humano com muito menos do peso dos bois, comendo vegetais protéicos não vão conseguir obter? Os orangotangos comem frutas e são fortíssimos. A ignorância, a indústria, a mídia e os médicos interessados em cirurgias deturpam a multidão.
      Cadê o uso do “pensar “  humano? Ainda existem sentimentos? Que exercício de poder é esse? Esses animais são realmente máquinas? Será que eles agem só por extinto e por isso se pode fazer com eles o que se bem quer? Isso nos faz lembrar da época da escravidão, onde se era admitido que os escravos não tinham alma para se poder fazer uso do poder.
      Como que o homem quer se solidarizar sem começar a olhar ao seu redor e ver suas atitudes? "Enquanto o homem continuar a ser o destruidor dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor."
      Poderíamos começar a exercitar a paz e a solidariedade em um ato que fazemos três vezes ou mais por dia: a alimentação.  “Para os animais não importa o que sentimos ou que pensamos, importa o que fazemos.”

     Texto feito com base em informações retiradas do documentário: “A carne é fraca”. 
      
     Priscilla Icó.

2 comentários:

Gilberto disse...

Olá Priscilla

Fico muito contente em ter pessoas como você para compartilhar estas reflexões e buscarmos envolver , sempre mais e de forma comprometida , a todos os que sonham com um outro mundo possível.
Creio no entanto que a solução vai além de não matarmos os animais , pois conheço muitos vegetarianos que estão constantemente matando a si mesmos comendo alimentos , que apesar de não terem origem animal , são piores do que carne.Por isto, entendo que além de respeitar a ecologia externa , devemos respeitar a interna , do nosso corpo. Talvez devêssemos ter primeiramente isto em conta.
Outra questão é o modelo econômico que vivemos , que coloca tudo como produto de consumo , tudo tem que dar lucro o mais rápido possível . Tudo , não importa a forma como é produzido tem que servir ao interesse do lucro a qualquer preço.
Grande abraço Gilberto

Camila Wildberger disse...

Pri!!!

Que orgulho de você irmãzinha!! Seu texto está muito bem redigido, MEUS PARABÉNS!! Posso copiar ele no meu blog??

Fico muito feliz de você ter entrado na nutrição com a cabeça aberta para novos conceitos e tenho certeza que revolucionará na profissão. Um futuro brilhante lhe aguarda.

Vamos discutindo idéias que é assim que se cresce.

Muito sucesso para você!!

Beijos,
Mila